Maus tratos Infantis

Maus tratos Físicos:


A criança é vítima, com frequência, de maus-tratos físicos. Estes são geralmente os mais visíveis uma vez que deixam marcas bem notórias.
Na tentativa de elucidar acerca do que é de facto considerado abuso físico, a forma como é praticado e verificarmos as prováveis consequências físicas das vítimas indefesas vejamos o relato um tanto ou quanto chocante de Fontana (1979, p. 43) citado por GALLARDO CRUZ (1994, p:38) «Os pais esmurram, flagelam, batem, esfolam, espancam, estrangulam, batem no estômago, asfixiam com panos e com malaguetas muito picantes, envenenam, abrem-lhes a cabeça, fazem-lhe golpes, rasgam-lhes o corpo, queimam-nos com vapor, azeite ou água a ferver. Utilizam punhos, fivelas de cinto, correias, escovas de cabelo, fios eléctricos, paus de basebol, réguas, sapatos, botas, correntes de bicicletas, atiçadores, facas, tesouras, produtos químicos, cigarros acesos, água a ferver, aquecedores de vapor e chamas de gás.»
Várias pesquisas têm sido feitas no campo das agressões físicas e o quadro não muda muito, as crianças são queimadas, amarradas, rachadas, etc. As lesões traumáticas de uma criança que foi espancada são notórias e aquelas que frequentemente são detectadas nos hospitais são segundo GALLARDO CRUZ (1994) e outros:
  • Contusões: equimoses, feridas, queimaduras, alopécia;
  • Fracturas: nas extremidades, lesões raquídeas, fractura do osso do nariz, fracturas cranianas, e das costelas;
  • Lesões: oculares e viscerais (contusões torácicas e lesões abdominais). As lesões viscerais são consideradas a segunda causa de morte de crianças maltratadas, pois as feridas são internas, sendo difícil diagnosticar quais os órgãos afectados e o nível de afectação dos mesmos. As sequelas causadas por maus-tratos físicos podem ser permanentes, tais como: sequelas mutilantes, ortopédicas, oculares, bucais, nasais, neurológicas e até alterações de personalidade.

Muitas vezes estas crianças chegam ao hospital, e é de notar que os pais só as levam em caso de gravidade extrema.
Dificilmente se pode concluir que de facto a criança foi abusada fisicamente, uma vez que os pais não o admitem, pelo contrário têm sempre um outro episódio acidental para apresentar. Como muitas destas crianças são bebés com menos de três anos são incapazes de revelar tal situação. Em relação às crianças em idade pré-escolar e escolar, também estas se remetem ao silêncio com medo das consequências. Deste modo verificamos que diagnosticar as lesões físicas não é difícil para os médicos, mas daí a provarem tratar-se de maus-tratos torna-se extremamente complicado. Quando o conseguem provar, baseiam-se no atraso com que a criança gravemente ferida chega ao hospital; na rápida recuperação que a criança apresenta, quando hospitalizada; na discordância entre o diagnóstico médico e as explicações dadas pelos pais; em hospitalizações anteriores e nas atitudes dos pais face às crianças, em público, e às das crianças em relação aos primeiros e a estranhos.

Maus tratos Psicológicos:
Os maus-tratos psicológicos acompanham quase sempre as outras formas de abuso, à criança , mas podem também ocorrer de forma isolada.
Podemos defini-los como uma forma de agressão mais "delicada" cujo diagnóstico é difícil de detectar e parece, segundo alguns autores, ser mais frequente em estratos sociais mais elevados. Este acarreta para a criança graves repercussões a nível da personalidade. Como refere Kempe e Kempe (1978), citado por GALLARDO CRUZ(1994, p.75), «um género de mau trato e ao mesmo tempo umaconsequência dele...» É um tipo de mau trato que se regista com muita frequência, isto porque muitas das vezes os pais não têm consciência doseu papel, pois não basta uma boa alimentação, o melhor vestuário e asmelhores escolas.
Se paralelamente não houver diálogo, compreensão, amor e ajuda, com certeza a criança é vitima de mau trato psicológico. Compreende-se como exemplos de maus tratos psicológicos as mudanças bruscas com que a criança se depara em casa, na família e até na escola, ralhos constantes diminuidores da auto-estima, a falta de atenção, as regras severas, a ausência de disciplina, e a linguagem inadequada por parte dos pais. Casos de divórcio, separação, ou ainda quando os conjugues decidem permanecer juntos (devido aos filhos) mas que vivem em conflito constante, com discussões, agressões físicas, etc. provocam na criança danos psicológicos, não só pela separação dos pais, mas especialmente pelo "ódio" que estes revelam um pelo outro.
As repercussões sobre a personalidade e a inserção da criança na  sociedade são graves, sendo materializadas ao longo da vida da criança em depressões graves, tentativas de suicídio, consumo de álcool e drogas, fugas e delinquência.

Maus tratos Sexuais:
Existem algumas diferenças entre os vários autores na definição de abusos sexuais à criança, mas todas elas subentendem a seguinte condição: - a utilização de uma criança por um adulto, na tentativa de explorar o seu corpo, com o fim, ou não, de com ela ter relações sexuais.
O envolvimento de crianças ou adolescentes dependentes ou imaturos em termos de desenvolvimento, em actividades sexuais que não compreendem totalmente é abuso sexual.
Muitas são as crianças vítimas de abusos sexuais, embora a grande maioria dos casos permaneçam no anonimato, uma vez que dificilmente a vítima, ou mesmo terceiros, e muito menos o agressor denunciam tal situação, ficando a criança a sofrer o trauma do abuso para o resto da vida. GALLARDO CRUZ (1994) classifica o abuso sexual em duas categorias: intra-familiar e extra -familiar. O abuso sexual intra-familiar refere-se às situações incestuosas em que a criança é abusada pelo pai ou mãe, pelo padrasto ou madrasta, um adulto que represente os pais (tio, avô, ...) sem esquecer os irmãos mais velhos. No que se refere ao abuso sexual extra-familiar, os agressores não estão ligados à criança por laços familiares, podendo ou não ser seus conhecidos.
No que se refere ao incesto, considera-se que as principais vítimas são as raparigas, embora também os rapazes padeçam deste mal, o agressor é na maior par te das vezes do sexo masculino. Normalmente o abuso, inicia -se logo no primeiro ano de vida, prolongando-se até à adolescência. As crianças, na maioria das vezes, mantêm-se no silêncio, sem nunca revelar tal situação. Nestas relações, as vítimas não são apenas as filhas e filhos considerados"normais". Muitas vezes, uma filha com deficiência mental, é o alvo predilecto do pai, uma vez que, dada a sua condição, participa activamente no acto. Nestes casos a possibilidade de denuncia torna-se quase inexistente, até porque a lei pouco ou nada diz a este respeito. Indivíduos com tais características são muitas vezes considerados incapazes para acusarem os agressores, o que proporciona uma maior protecção ao agressor do que à vítima. Muitas vezes a mãe é cúmplice do acto abusivo do marido à filha, acomodando-se com tal situação, fingindo nada saber, «...a filha é utilizada num conflito que o pai tem com a esposa, e a rapariga considera que a sua participação no acto é necessária para manter a família unida.» GALLARDO CRUZ (1994, p.82). Outras vezes, tratando-se de casais considerados perversos, fazem com que seus filhos observem e participem nos actos sexuais incitando a relação sexual com outros parceiros. No que se refere a abusos sexuais, violações, por estranhos, geralmente os agressores são homens, que recorrem às mais diversas estratégias para conseguirem realizar o seu perverso e criminoso desejo". Recorrendo, por vezes, à violência física, rapto e mesmo homicídio.

Os maus tratos infantis são considerados CRIME! É nosso dever agir...




2 comentários:

  1. Já referi anteriormente,o que pensava sobre qualquer tipo de maus tratos...
    Acho que estão a agir bem,mas para terem mais sucesso deviam fazer algo em gande,que chamaºse atenção,algo que cativasse as pessoas a verem a realidade,pura e fria,chama-las a atenção.
    A minha ideia é fazer um evento mas podem pensar em fazer algo diferente...Boa sorte...

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  2. Estava à espera que colocassem mais informação. Acho que deviam aprofundar mais mas o essencial está aqui contido! Continuem com estas temáticas pois são problemas graves da sociedade e que deviam ser mais alertados.

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